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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Caboclos ;*



SIMPLES CHARUTO DE CABOCLO



Ligia segurava o charuto do caboclo que estava a cambonar enquanto a entidade em questão participava dos trabalhos em uma roda de descarrego.
Terminada a tarefa o caboclo dirigiu-se em direção a sua cambone e pediu o charuto de volta agradecendo-a por haver segurado o seu instrumento de trabalho, mas Ligia, não se contendo de sadia curiosidade, perguntou a entidade:
— Senhor caboclo?
— Pois não fia?
— O senhor poderia esclarecer-me uma dúvida?
— Pode fazer pergunta fia!
— O que eu gostaria de saber é o seguinte: por que o senhor sempre me agradece a cada vez que eu entrego o charuto que estou segurando de volta para as suas mãos?
— Suncê quer saber fia?
— Se for possível, gostaria sim.
— Fia, antes de caboclo responder, observe a atuação da nossa linha de trabalho nesta próxima roda de descarrego, sim?
— Sim senhor!
Após trabalhar com todas as pessoas que estavam naquela roda de descarrego a entidade estendeu sua destra a fim de que sua cambone segurasse o seu charuto enquanto ele e as demais entidades que participavam dos trabalhos na roda pudessem finalizar o trabalho.
Ao término daquela roda de descarga a entidade, então, tornou junto à Ligia dizendo:
— Entrega o pito de volta para Caboclo fia!
Ligia devolveu o charuto à entidade que, então, disse-lhe:
— Este caboclo agradece por toda sua atenção.
Ligia sorriu meio que ainda sem entender o porquê daquele agradecimento e o caboclo perguntou a ela:
— E então fia? O que suncê observou do nosso trabalho junto à roda de descarrego?
— Bem, eu observei algumas coisas, mas fica difícil de dizer algo, no aspecto geral, sobre o trabalho dos caboclos em uma roda de descarrego por que cada um trabalha de um jeito diferente em cada assistência.
— Isto até que é verdade, mas o que suncê observou de semelhante no trabalho de qualquer mano caboclo lá na roda?
— A fumaça do charuto! Nenhum dos senhores trabalha sem ela!
— Muito bem observado fia!
A entidade soltava umas baforadas do seu charuto enquanto fitava o semblante de Ligia e, após alguns instantes, perguntou a ela:
— Suncê ainda não entendeu porque que caboclo lhe agradece por segurar o pito dele, não é?
— Não senhor!
— Fia suncê tem o dom para isso e é por esse motivo que caboclo vai dilatar um pouco de sua percepção sensorial.
— Sim senhor!
A entidade estalava os dedos e soltavas algumas baforadas do seu charuto por toda a cabeça de Ligia. O processo durou poucos segundos e quando terminou a entidade solicitou a Ligia que abrisse os olhos.
— Nossa senhor caboclo!
— O que foi fia?
— É que eu fiquei com um pouco de tontura.
— Não se preocupe que já, já ela passa.
— Sim senhor, na verdade ela já está passando.
— Fia este caboclo vai participar de outra roda de descarrego e pede a suncê que continue a observar pra ver se descobre o porquê do nosso agradecimento, sim?
— Sim senhor.
Quando o caboclo terminou de realizar o seu trabalho com o charuto naquela roda ele, então, estendeu o braço para Ligia que, prontamente, segurou o charuto em suas mãos.
Minutos depois de terminada mais uma roda de descarrego a entidade pediu a Ligia:
— Entrega de volta o pito pra Caboclo fia!
Ligia assim o fez e ele novamente agradeceu-a para depois perguntar:
— E agora fia? O que suncê observou do nosso trabalho na roda?
— Nossa senhor caboclo! Parecia que eu estava ficando louca!
— Por que isso fia?
— Parecia que a fumaça do charuto dos senhores funcionava perispiritualmente para os assistidos na roda como se fosse uma espécie de chuveiro que tira todas as sujeiras do corpo físico.
A entidade sorriu com a comparação de Lígia e ela prosseguiu:
— É sério Sr. Caboclo! Quando a roda de descarrego terminou alguma coisa nelas parecia que estava muito mais limpo do que antes: algumas pessoas respiravam melhor, outras estavam como se tivessem retirado um peso do coração, enfim foi muito bonito de se ver.
— Fia antes de ir para a próxima roda de descarrego este caboclo pede que suncê segure o pito dele.
E, estendendo-lhe a destra, o caboclo entregou o charuto a sua cambone solicitando:
— Fia, agora feche os seus olhos e faça uma prece ao Criador pedindo bênçãos por todos aqueles que ainda passarão pelas rodas de descarga na gira de hoje!
— Sim senhor!
Ligia fez a prece com todo o fervor de sua mente e do seu coração e, então, abriu os olhos.
A entidade, assim, disse-lhe:
— Fia este caboclo agradece por suncê ter segurado o pito dele mais uma vez e pede que suncê observe o trabalho de nós em mais uma roda de descarga para ver se agora descobre o porquê dele agradecer a suncê por segurar o pito, tudo bem?
— Sim senhor!
Quando o caboclo terminou de realizar o seu trabalho com o charuto naquela roda ele, então, estendeu o braço e Ligia, prontamente, segurou em suas mãos o charuto da entidade.
O trabalho naquela roda foi finalizado e quando a entidade aproximou-se de Lígia esta estendeu-lhe as mãos na intenção de devolver o charuto para o caboclo, mas este lhe disse:
— Deixe o pito por mais um tempo em suas mãos que na hora certa este caboclo pede de volta a suncê, sim fia?
— Sim senhor!
— Este caboclo agradece por toda sua dedicação fia e pergunta: o que suncê observou nos trabalhos da última roda que caboclo acabou de participar?
— Senhor caboclo eu realmente observei algumas coisas, mas eu peço ao senhor que, se eu houver visto demais, que o senhor fale francamente comigo como sempre o fez.
— Nossa fia Ligia! Mas por que todo este alvoroço?
— Por que se na penúltima roda que o senhor participou eu percebi que a fumaça dos charutos funciona como a água de um chuveiro, nesta última roda parece que eu vi o que funciona como uma espécie de sabão ou sabonete.
A entidade deu um discreto sorriso para sua cambone e esta tornou a dizer-lhe:
— E então Senhor caboclo? Eu vi coisa onde não existia?
— De forma alguma fia! Suncê só viu o que havia para ver!
— Nossa, mas o senhor fala isto de uma maneira tão calma!
— E qual é o espanto nisto fia?
— Por que o desconhecido assusta um pouco e eu não sei nem um pouco do que eu vi.
— Fia, mas é como suncê mesma disse antes: o que tem de assustador em se tomar uma boa ducha?
— Ducha?
— É fia ou, como suncês encarnados mesmo dizem uma boa chuveirada!
— ?????
— Fia conte pra este caboclo o que foi que suncê viu!
— Bem, enquanto o senhor dava umas baforadas em uma pessoa da roda de descarrego milhares de minúsculos seres ficavam a rodear esta assistência em questão sempre na direção da cabeça para os pés. Estas espécies de seres giravam numa velocidade absurdamente alta e direcionada como se estivessem sendo controlados por alguém a distância. Eles apareciam e sumiam como que por encanto quando o senhor terminava o trabalho em uma pessoa participante da roda de descarga e passava para outra. Bom, foi isto que eu vi.
— A fia só está se esquecendo de um detalhe fundamental em tudo que observou da participação deste caboclo na última roda de descarrego!
— Verdade?
— Fia, fale uma coisa pra este caboclo!
— Sim senhor!
— Segundo a sua observação, participar desta última roda de descarrego foi mais fácil ou mais difícil do que a penúltima em que este caboclo participou?
— Ah, é verdade! Bom quem estava na dinâmica do trabalho lá na roda é o senhor, mas para mim que observava dava a nítida impressão que o senhor conseguia realizar o trabalho com muito mais facilidade, tendo em vista que na penúltima roda parecia que o senhor se concentrava muito mais para poder fazer o seu trabalho do que nesta última.
— Não foi impressão sua fia: para este caboclo, trabalhar nesta ultima roda, foi muito mais fácil que na penúltima e você fia teve uma grande parcela de responsabilidade para que caboclo obtivesse esta facilidade.
— Eu?
— Claro fia, não é suncê que é a cambone deste caboclo?
— Sou eu sim senhor, mas não sei dizer qual foi minha contribuição!
— Pense um pouco minha filha! Qual foi a grande diferença entre a penúltima e a última vez que suncê entregou o pito para este caboclo antes dele participar das rodas?
— Na ultima vez, diferentemente da penúltima, eu fiz uma prece ao Criador pedindo bênçãos para todas as assistências que participariam das rodas. Foi isto senhor caboclo? A prece que fiz a Deus?
— Fia toda prece a Tupã é sempre muito válida em nosso trabalho de fazer a caridade, mas suncê pode relembrar para este caboclo o que suncê possuía em mãos quando proferiu a referida prece?
— Meu Deus é verdade! Em minhas mãos estava o charuto do senhor!
— Exatamente fia! E então, suncê descobriu por que caboclo agradece suncê a cada vez que pede o pito dele?
— O senhor me desculpe, mas é que eu ainda não consegui chegar lá!
— Então este caboclo não vai mais fazer mistério fia: Caboclo agradece a suncê por que a cada vez que sunce entrega o pito de volta pra ele, acaba entregando junto boa parte de sua firmeza, de sua vibração, de sua energia.
— Eu???
— Não só suncê, mas cada cambone que trabalha junto a cada mano caboclo que milita em cada terreiro de Umbanda neste mundo de Tupã Nosso Pai.
— Isto é surpreendente!
— Antes da última roda que caboclo participou suncê fez prece sentida a Tupã e entregou o pito pra caboclo trabalhar cheio destas sutilíssimas e importantíssimas vibrações do desejo de caridade ao próximo.
— Sim, mas eu devo ser sincera e dizer que só fiz isto da última vez.
— Este caboclo sabe.
— Mas se das outras vezes que eu segurava o charuto do senhor eu não fazia prece alguma por que o senhor, mesmo assim, me agradecia?
— Independente de suncê fazer preces ou não, a cada vez que suncê entrega o pito para caboclo, suncê passa muito de sua energia para ele.
— Mas e se eu não estiver com energia boa no dia da gira? Eu vou acabar passando o pito para o senhor impregnado com minhas energias não muito positivas, mesmo assim o senhor me agradeceria?
— Já houve alguma gira que suncê entregou o pito pra Caboclo e ele não lhe agradeceu?
— Não senhor!
— Mas já houve giras em que suncê veio trabalhar com uma energia não muito boa, não é verdade?
— Isto é verdade, mas então por que o senhor sempre agradece?
— Fia, na verdade, o que caboclo agradece é a oportunidade de trabalho no bem que suncês dá pra nós. Umbanda é parceria fia!
— Desculpe, mas como é?
— Parceria fia: estar juntos por um objetivo em comum. Quando suncês cambones estão bem, então suncês fazem preces ou não as fazem, mas entregam o pito para nós com as energias boas que suncês estão naquele dia para nós trabalhar em favor do próximo, não é assim?
— É sim senhor!
— Já quando é suncês que não estão bem, daí somos nós que fazemos preces ao Criador, enquanto seguramos o nosso pito, rogando que suncês possam encontrar melhoras para as dificuldades de suncês e ajudar nós a trabalhar em nome da caridade cada vez mais e melhor e daí, somente após esta prece fervorosa, é que nós entregamos o pito de volta pra suncês segurar a fim de que, captando um pouco de nossa energia que deixamos no pito, suncês consigam encontrar um pouco de lenitivo que o merecimento de suncês lhes facultar.
— Meu Deus, mas isto é lindo!
Assim exclamou Ligia com a voz embargada de emoção pungente e sincera.
— Isto é Umbanda fia e Umbanda, como caboclo disse, é parceria: quando suncê não está bem e entrega o pito impregnado de energias não muito positivas para caboclo, ele então, quando pega este pito das suas mãos, agradece a suncê pela oportunidade que suncê está dando a ele de trabalhar junto a Tupã objetivando a sua melhora energética, vibracional.
— Nossa pelo que o senhor me diz a Umbanda é parceria mesmo, hein?
— Com certeza fia e é por isso que cada vez que um mano caboclo pede o pito de volta para seus cambone ele só tem a agradecer a este.
— Mas o ideal, quando o cambone não está bem, é fazer sempre preces, pedir auxílio a alguma entidade e ficar vigilante para sua vibração não cair e, assim, dificultar o trabalho das entidades, não é assim?
— Certamente não é fia!?! Mas este caboclo sabe que a filha põe em prática aqui no terreiro muito do que acabou de perguntar pra caboclo, não é verdade?
— Infelizmente não é sempre, mas graças a Deus acaba sendo a maioria das vezes, mas...
A voz de Lígia mal conseguia sair dos seus lábios tamanha era a emoção de estar aprendendo coisas tão básicas e importantes para o bom andamento de uma gira, mas de uma forma simples e prática. Mesmo percebendo a dificuldade de Lígia em falar, devido à emotividade, o caboclo incentivou-a dizendo:
— Pode falar fia.
E, fazendo um esforço grandioso para não embargar a sua voz com uma honesta emoção, foi que Lígia disse:
— Sabe o que eu acho mais lindo na Umbanda em relação a tudo isto que o senhor acabou de revelar para mim?
— A voz de suncê está embargada não é fia? Embargada de singela emoção por contemplar a prova do que disse Jesus sobre a simplicidade da misericórdia e benevolência das coisas de Deus materializada na religião de Umbanda pela presença de um simples charuto de caboclo, não é verdade fia?
As lágrimas de agradecimento por estar tendo aquela preciosa conversa com o caboclo deslizavam aos borbotões pela face de Ligia e esta emoção tão bonita e sincera a impedia de proferir qualquer resposta em relação à indagação feita pela entidade e ela, assim, só pôde respondê-lo positivamente acenando com a cabeça.
O caboclo então continuou a conversa dizendo:
— Caboclo agradece a Tupã pela parceria entre suncê e este caboclo e respeita cada lágrima de gratidão ao Criador que está deslizando pelo seu rosto, mas deve solicitar licença por um breve instante neste seu processo de agradecimento para pedir a suncê que devolva o pito deste caboclo para que ele possa participar de mais uma roda de descarrego em nome da caridade ao próximo.
As lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto de Ligia e ela, assim, só pôde estender as mãos para devolver o charuto sem nada conseguir dizer a entidade.
A entidade pegou o charuto nas mãos, deu as costas para Ligia, andou um passo a frente e ficou parado de costas para sua cambone.
Talvez fosse para substituir um pouco daquelas lágrimas de alegria por um sorriso singelo feito da mesma emoção, talvez não, o fato foi que o caboclo novamente virou-se de frente para Ligia e disse:
— Pensou que caboclo houvesse se esquecido desta vez não é fia Ligia? Mas este caboclo não esquece nunca de agradecer a suncê por haver segurado por mais uma vez o pito dele. Que Tupã abençoe em dobro toda a atenção que suncê dispensa a este caboclo nesta nossa parceria e que seja abençoada também a parceria que Tupã tem com todos nós através da nossa sagrada e amada religião de Umbanda.
Ao que Lígia, já um tanto refeita em suas emoções, respondeu:
— Que assim seja!!!!!



Ser Espírita - Caboclo das 7 Encruzilhadas



Ser espírita é ser clemente!
É ter alma de crente,
sempre voltada para o bem!
É ensinar ao que erra,
entre os atrasos da terra,
não fazer mal a ninguém.

É sempre ter por divisa,
tudo que é nobre e suavisa,
o pranto, a dor, a aflição.
É fazendo caridade,
evitar a orfandade,
o abismo da perdição.

Em Deus, sempre ter crença,
profunda, sincera, imensa,
consubstanciada na Fé.
É guardar bem na memória,
os bons conselhos e a glória,
de Jesus de Nazareth.

É perdoar a injúria,
de quem já não tem um pão.
É se tornar complacente,
para o inimigo insolente,
tendo como lema - o Perdão!

Ser espírita é ser clemente!
É ter alma de crente,
sempre voltada para o bem!
É ensinar ao que erra,
entre os atrasos da terra,
não falar mal de ninguém.


Quem Foi O Caboclo das 7 Encruzilhadas?



                ... E no entardecer :
E no entardecer do dia 21 de setembro de 1761, na Praça do Rossio, no centro de Lisboa, um santo foi queimado na fogueira dos hereges. Gabriel Malagrida entregou a alma a Deus e o corpo aos carrascos. Tinha 72 anos, 30 deles passados de pés descalços peregrinando pelo Norte e Nordeste brasileiros. Ergueu igrejas e mosteiros, protegeu índios e prostitutas, caminhou mais de dez mil quilômetros entre o Pará e a Bahia. Ganhou fama de taumaturgo, milagreiro. Por ordem e trama do primeiro-ministro Marquês de Pombal, Malagrida terminou acusado de blasfêmia e heresia. Ouviu a sentença de morte no alto de uma carroça, com um barrete de palhaço na cabeça, mãos amarradas para trás e batina pintada com figuras demoníacas. Quando Pombal, ao lado do rei d. José, ordenou a execução, o padre beijou as escadas do cadafalso, virou para o povo, jurou inocência e perdoou seus acusadores. Abaixou a cabeça, ajudou ao próprio algoz a colocar a corda em seu pescoço. Na primeira puxada, o laço se rompeu e a multidão gritou assombrada. A tragédia estava adiada por alguns minutos. Homens e mulheres começaram a prece dos agonizantes, mas não terminaram a oração. Foram impedidos pelos quatro mil soldados de prontidão. ‘‘Senhor, nas vossas mãos entrego minha alma’’. Derradeiras palavras. Em poucos segundos, o padre estava enforcado pela Santa Inquisição. O carrasco acendeu a fogueira, onde o corpo queimaria toda a madrugada, velado pelos milhares de fiéis. As cinzas foram jogadas nas águas do rio Tejo. Quando o dia amanheceu, os católicos de Lisboa espalharam uma mesma notícia: o fogo não queimara o coração do mártir. A tragédia de um peregrino Padre Severino ensina aos fiéis da Paraíba os feitos de Malagrida.

Gabriel Malagrida nasceu padre:
Ainda pequeno, na cidade de Menaggio, no Norte da Itália, aprendeu com o pai Giácomo, o dom da caridade. O patriarca era médico de renome, consultado até por príncipes, mas dedicava boa parte do trabalho ao cuidado de doentes pobres que visitava nas distantes montanhas. Gabriel ia junto. Adorava estudar religião e aproveitava as férias para ensinar catecismo aos irmãos e colegas da rua. Sua brincadeira predileta era montar altar no quintal. A mãe, Ângela, chamava o filho de ‘‘o anjo da casa’’. Era morada cheia de religiosidade. Na parte nobre da casa, havia o que os Malagridas apelidaram de o ‘‘quarto do santo‘‘ por conta do teto coberto de pinturas de Nossa Senhora. O sonho do casal era ver os filhos formados padre e rezando missa ali. O projeto deu certo. Dos onze herdeiros, três viraram sacerdotes. Aos 12 anos, o pequeno Gabriel foi estudar no colégio dos padres Somascos, na cidade de Como. Não era um aluno como os outros; tinha hábitos estranhos. Mordia os dedos até sangrar e quando lhe perguntavam a razão daquilo respondia: ‘‘é para a salvação dos infiéis’’. Nascia assim o costume das penitências físicas que o acompanhou até o fim da vida. Em 1713, no seminário, em Gênova, onde se formou jesuíta com 24 anos chegava a fazer jejuns três vezes por semana. Dizia que era para refrear a natureza e guerrear contra as tréguas do corpo. Era comum ele se açoitar publicamente. Uma vez, em Salvador, na Bahia, Malagrida rezava o sermão na Matriz quando lhe apontaram um homem pecador, cheio de vícios e de ‘‘ignóbeis costumes’’. Como não conseguia, com palavras, converter o cidadão, Malagrida, então, bateu-se com o chicote até o sangue espirrar de suas costas. Ao assistir à dolorida cena, o pecador não se conteve: em lágrimas, ajoelhou-se nos pés do padre, implorando com gemidos o perdão de seus crimes.

A Seguir... você vai conhecer um pouco da biográfia do peregrino que construiu abrigos para prostitutas, fez procissões imensas, criou a Ordem do Sagrado Coração de Jesus e denunciou padres e governadores corruptos. Para conhecer vestígios deixados pelo religioso no Brasil, A nossa equipe percorreu parte das trilhas de Malagrida no Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e Pernambuco. Junto com o ‘‘Aos povos de Itália não cansam meios de chegar à salvação; além-mar, pelo contrário, inúmeras nações jazem ainda nas trevas da idolatria: vamos acudir a essas almas desamparadas’’. Com esses argumentos, Gabriel Malagrida convenceu o Bispo Geral dos Jesuítas a virar missionário nas Américas. Trocava os estudos avançados de teologia e literatura pela catequese dos índios. Saiu de Lisboa e desembarcou em São Luís do Maranhão no final do ano de 1721, mas demorou dois anos até ser mandado para a primeira missão com os índios. Seus superiores preferiam o erudito religioso nas salas de aula dos seminários de jesuítas e achavam que Malagrida não estava preparado para o convívio com os arredios nativos. Depois de muitas súplicas, o padre conseguiu realizar o antigo sonho. Foi missionário indígena entre 1723 e 1729. Percorria as matas a pé, vestido com a batina preta típica dos jesuítas. Não era a melhor maneira de atravessar o interior maranhense. ‘‘Quem quer andar por essas terras tem que se proteger do mato com roupa de couro e andar sempre a cavalo ou num burro’’, ensina José Assunção e Silva, o Zé Doca, boiadeiro na região de Caxias, antiga Aldeias Altas. Nesse lugar, Malagrida passou em 1726 para catequizar os Guanarés, etnia desaparecida do Maranhão. No Século XVIII, esses índios eram numerosos e arredios ao contato com os brancos. Já haviam sofrido com os portugueses quando Malagrida iniciou o trabalho de catequese. Penou até conquistar a confiança dos Guanarés. Chegaram a decidir em assembléia que matariam o padre. Só conseguiu escapar porque na hora da excução, uma índia velha conteve o braço do nativo. ‘‘Suspende’’, gritou a mu-lher. Explicou que da última vez em que um índio matou um padre roupeta-negra, terminou devorado por vermes. Assustados, os Guanarés liberaram o jesuíta. ‘‘Dificilmente se reconhece o tipo humano nos índios moradores desta região. Abrigam-se em cavernas como as feras e alimentam-se unicamente de caça. As vezes travam-se em pelejas e então devoram os vencidos’’, descreveu Mathias Rodrigues, um dos companheiros de apostolado de Malagrida e que escreveu relatos do tempo em que os dois estiveram no Brasil. O manuscrito de Rodrigues está hoje na biblioteca dos padres boulandistas, em Bruxelas, na Bélgica, mas o professor Vitor Leonardi conseguiu cópia microfilmada da preciosidade. ‘‘É o documento mais importante sobre Malagrida’’, resume Vitor que nos próximos meses irá editar livro com a íntegra do texto. Pelas linhas escritas por Mathias Rodrigues, Malagrida ainda considerava os índios bárbaros selvagens, mas não aceitava sua escravidão. Durante os seis anos em que conviveu com tribos do Pará e do Maranhão, o jesuíta defendeu a tese de que as aldeias deveriam ficar longe do contato com os portugueses. Temia pela saúde moral e física dos nativos. Ou seja, combatia a tradição dos colonizadores que pegavam índios para trabalhar na lavoura de cana.

Em 1729, Malagrida foi retirado da missão indígena e levado para São Luís.

Primeiro Milagre...
A vida na capital não sossegou o padre. Em São Luís, iniciou nova etapa de sua jornada: a de missionário popular. Ao invés de índios, cuidava agora dos brancos, moradores da periferia. Dava aula de teologia durante a semana e aos sábados partia para os povoados vizinhos de São Luís. Era livro grosso com as rezas cotidianas que, por vezes, servia de travesseiro quando o religioso adormecia no mato. Para se proteger da floresta fechada, usava um cajado, até bem pouco tempo guardado na Itália como relíquia e apelidado de ‘‘o bordão do peregrino’’ ‘‘Malagrida era pregador carismático’’, explica Miguel Martins Filho, 39 anos, padre, professor de literatura e diretor do Instituto Gabriel Malagrida, em João Pessoa. É ali que se formam todos os jesuítas brasileiros. O que Miguel chama de carisma aparece no jeito de Malagrida atrair os ouvintes. Nos dias santos em São Luís juntava os fiéis em frente a igreja e com um estadandarte nas mãos, saíam todos em procissão cantada pelas ruas da cidade. Paravam nas praças e o padre reunia o povo em volta dele. Ali, dava aula de catecismo, representava teatralmente as principais passagens bíblicas e depois interrogava a platéia sobre o assunto. Foi numa dessas pregações interativas em São Luís que Malagrida fez o que os livros tratam como seu primeiro milagre. Falava aos fiéis sobre a importância da reconciliação entre inimigos quando um dos ouvintes contou que cometera injúria mortal contra um de seus parentes. Na frente do antigo desafeto, contou que estava disposto a pedir perdão, mas o homem não quis fazer as pazes. Malagrida, indignado interferiu. ‘‘Meu irmão, não quereis perdoar ao vosso próximo para que o Senhor vos perdoe?’’. Repetiu a pergunta várias vezes, mas como o indivíduo insistia na recusa, Malagrida gritou atordoado: ‘‘Pecador, recusas a escutar o teu Deus que te convida a perdoar, não tardará que prestes conta a teu juiz da tua dureza, e sofrerás então o castigo merecido’’. Pronto, em menos de 24 horas o infeliz morreu com tiro de mão desconhecida. O povo passou a tratar Malagrida como ‘‘o profeta’’. Carregou esta fama para sua grande viagem missionária, iniciada em julho de 1735 do Maranhão até a Bahia. Primeira longa parada: Piracuruca, no norte do Piauí. ‘‘Servia de igreja aí uma vil casa de farinha com quatro paredes mal pintados por cima, cheia de morcegos. Eu mesmo dei a idéia de construir grandiosa igreja. Todos ofereceram suas esmolas’’, conta Malagrida numa carta mandada ao Bisbo do Algarve, em Portugal. Passados 262 anos, o templo de Piracuruca está de pé. Seu padre, José da Silva Ribeiro, 37 anos, vive pedindo esmolas aos moradores da cidade. Para Malagrida, o Brasil parecia uma Babilônia de pecados. Reclamava dos casamentos fora da Igreja, se horrorizava com a luxúria dos padres e se impressionava com o número de prostitutas. Nos oito dias em que passava em cada cidade, o jesuíta pregava contra os amancebados, chegava a praguejá-los. Em fevereiro de 1744, fazia missão no povoado de Várzea Nova, no interior da Paraíba, quando descobriu homem e mulher que viviam juntos há anos sem oficializar a união. Malagrida foi até a casa dos dois. Tentou convencê-los a dar um ‘‘jeito cristão’’ à história. A mulher concordou, mas o homem achou bobagem aquele falatório do padre. Malagrida renovou seus pedidos, fez pregações públicas sobre o caso, até que num dos sermões avisou que se o cidadão não mudasse de idéia se perderia para sempre. Em 24 horas, o homem morreu com uma terrível dor de cabeça. Neste mesmo povoado de Várzea Nova, a fama milagreira de Malagrida resistiu ao tempo. ‘‘Desde menina, ouço os antigos contarem que o padre Malagrida encostou a mão numa criança que morria de febre e ela ficou logo boa’’, diz Maria Salete da Silva, 58 anos, nascida na região. Ali, não há mais as curas providenciais do padre, porém quem adoece é atendido no posto de saúde de nome Gabriel Malagrida. Na frente, há uma enorme estátua de cimento do jesuíta.

Vigários do Prazer...
Durante suas expedições, Malagrida cruzou com muitos companheiros de batina fora da linha. Alguns chegavam a cobrar para rezar missa, outros conheciam os prazeres da carne. Tinham mulheres e filhos, o que para Malagrida era um escândalo sem precedentes. ‘‘Esbarrei num vigário que tinha três mancebas patentes e vinte filhos’’, denunciava o missionário em carta aos superiores. Se o barbudo Malagrida era exigente com os fiéis e religiosos, pior ainda era sua auto-cobrança. Tamanha austeridade impressionava até os poucos padres corretos das vilas por onde passava. ‘‘Depois de um sono brevíssimo, o santo padre começava a meditação. Recitadas as horas canônicas, dirigia-se ao confessional e daí por volta da hora décima da manhã, subia ao tablado e explicava a doutrina cristã. Permanecia em ação de graças até a primeira hora da tarde e até mais. Voltando a casa comia, ou poucas favas ou um pouco de leite’’, relatava em carta João Brewer, padre de Ibiapaba, cidade onde Malagrida ficou entre 5 e 17 de fevereiro de 1747. O lugar, chama-se hoje Viçosa do Ceará. Lá, no altar da igreja matriz ainda existe uma imagem de Gabriel Malagrida, de quatro palmos de altura. ‘‘Ele está vestido de São Francisco de Assis porque a imagem foi mandada para reforma e o artista adorava os franciscanos’’, explica o monsenhor Francisco das Chagas Martins, pároco da igreja há 50 anos. ‘‘Tudo aqui é antigo. Nossa igreja é a mais velha do Ceará. Foi fundada em 1602’’.

Madalenas...
O maior tormento de Malagrida eram as ‘‘mulheres da vida’’. Considerava a prostituição um dos problemas mais graves da colônia. ‘‘Naquele tempo, se uma menina perdia a virgindade, caía em desgraça na sociedade e acabava entrando para a prostituição. Malagrida sonhava em fazer alguma coisa por essas mulheres’’, conta Ilário Govoni, jesuíta italiano, morador de Terezina e autor do único livro publicado no Brasil sobre Malagrida. Chama-se O Missionário Popular do Nordeste. O desafio de ‘‘endireitar’’ prostitutas perseguiu Malagrida até 1742, quando conseguiu financiamento para construir o Convento do Sagrado Coração de Jesus em Igarassu, em Pernambuco. Ali, abrigou 40 mulheres da vida, desejosas de conversão. Saíram em romaria de João Pessoa até a cidade pernambucana. ‘‘Este asilo de Madalenas arrependidas tinha âmbito regional. Às que não podiam casar, por causa de impedimentos ou delas próprias ou dos homens com quem viviam, por já serem casados, abriam-se-lhes as portas desta casa, onde ficavam ao abrigo da miséria e de recaídas’’, escreveu o historiador Serafim Leite, no livro a História Eclesiástica no Brasil. ‘‘Hoje só aceitamos donzelas. Todas nós somos donzelas’’, apressa-se em explicar Maria Medeiros de Paula, 48 anos, e atual diretora do Convento. É freira desde os 17 anos, nunca teve namorado e não gosta muito de falar do passado de pecado das fundadoras da instituição. ‘‘Hoje, só entra na Ordem do Coração de Jesus moça virgem’’. A 60 km dali, em João Pessoa, num outro endereço com placa de Malagrida, perder a virgindade é ganhar a vida. Na rua Gabriel Malagrida, no centro da capital paraibana, funciona o baixo meretrício da cidade. ‘‘Esse Malagrida era dos nossos. Nosso santo protetor’’, brinca dona Lucila Martins, 59 anos, dona de um dos bordéis da rua.

O Triste Fim...
O triste fim do missionário em janeiro de 1754 Gabriel Malagrida embarcou para Lisboa certo de que conseguiria mais recursos para suas obras no Brasil. Enganou-se, embarcou para a morte. Famoso na corte por seu carisma de pregador, Malagrida era o confessor da rainha, o que despertava ciúmes de poderosos emergentes como Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal. Quando a rainha morreu, em 1754, Pombal virou primeiro ministro de Dom Jose I e iniciou perseguição sistemática contra Malagrida. Irritou-se profundamente quando, após o terrível terremoto de Lisboa de 1755, o religioso escreveu panfletos associando a tragédia às maldades da corte. Pombal não se conteve. Conseguiu que Malagrida fosse mandado para a cidade de Setúbal. Atentado em 3 de setembro de 1758, o rei D. José sofreu atentado quando voltava de uma farra noturna. Pombal arranjou testemunhas para envolver Malagrida no caso. No dia 9 de janeiro de 1759, Malagrida foi preso por crime de lesa majestade. Ficou numa cadeia imunda, onde usava tinta de paredes para escrever dois textos religiosos: um sobre a vida de Sant’Ana e outro sobre o retorno do Anti-Cristo. Malagrida acreditava que o apocalipse aconteceria em 1999. O incansável Pombal aproveitou para denunciar Malagrida à Inquisição como herege, mas os próprios juízes do Santo Ofício admitiram que não havia razões para condenar o religioso. Pombal, então, destituiu o presidente do Tribunal e nomeou seu próprio irmão, Paulo de Carvalho. A outra questão era a guerra guaranítica, travada no Sul do Brasil. Os jesuítas se aliaram aos índios contra os portugueses que queriam ampliar as fronteiras do país. Isso tudo não culminou apenas na morte da Malagrida. Em 1759, Pombal expulsou os jesuítas dos domínios portugueses. Foi mais longe. Em 1773, conseguiu do Papa Clemente XIV, a extinção da Companhia de Jesus em todo o mundo. A Companhia só voltou a existir em 1814 e os jesuítas só retornaram ao Brasil no final do século XIX.



A Concha de Caboclo - Um Oráculo Brasileiro




Conhecemos o jogo de bú­zios de ori­gem africana, popu­la­rizado no Brasil pe­los cultos de Orixá.

Será que existe um sis­tema tipicamente brasileiro, que os irmãos e irmãs de Umbanda podem utili­zar?

Sim.

A Concha de Caboclo é uma for­ma tradicional de geomancia, utiliza­da por alguns mestres adivinhos da Umbanda e da Jurema (ou Catimbó) do Norte e Nordeste.

O antigo Catimbó não possuía um sistema adivinhatório, mas alguns sa­cer­dotes e babalawos que foram inicia­dos no culto, sabiamente desenvol­ve­ram o sistema da “Concha de Caboclo” sob a direção das entidades espirituais da mata.

Nasceu então um sistema de doze búzios, onde respondem doze entidades de origem indígena (Caboclos), de modo semelhante ao merindilogum yorubano onde falam os Orixás.

O Oráculo possui treze significados (12 + 01), segundo as quedas das conchas e suas respectivas oferendas



LEITURA BÁSICA DAS CONCHAS E OFERENDAS RECOMENDADAS

      (As leituras aqui apresentadas são apenas informativas e não mostram a totalidade deste rico sistema).

01 – Uma concha aberta:
(ou seja, a concha está com a parte serrilhada pa­ra cima ou boca do búzio): fala o Ca­boclo Gira-Mundo.
Uma situação de perigo avizinha-se. Evitar pessoas falsas e amigos fingidos. Possibilidade de trabalhos de feitiço feitos ao consulente.
Oferenda: passar um ovo pelo corpo e depois untá-lo com mel de abelha, deixando-o na mata. Quando fizer a oferenda, acender duas velas brancas.

02 – Duas conchas abertas:
Fala o Caboclo Pena Branca.
Muita proteção e desembaraço das situações amarradas no passado. Vitó­ria nos negócios ou melhora nas situa­ções que envolvem a saúde.
Oferenda: flores brancas e mel de abelha devem ser entregues na mata.

03 – Três conchas abertas:
Fala o Caboclo Sultão da Matas.
Possibilidade de problemas com a justiça e perseguições.
Oferenda: um charuto, uma gar­ra­fa de mel e outra de vinho. Entrar na mata e chamar este caboclo, ofertando os elementos acima.

04 – Quatro conchas abertas:
Fala a Cabocla Jupira.
Sendo mulher a consulente: requer cuidados e atenção com os intestinos ou problemas digestivos. Sendo ho­mem, tomar cuidado com bebidas alcoó­licas e problemas estomacais. Atenção na alimentação.
Oferenda: fazer um doce de bana­na com mel, colocar num alguidar de barro, enfeitar com penas e despachar ao lado de um rio dentro da mata. Junto ao alguidar, acender sete velas verdes.

05 – Cinco conchas abertas:
Fala o Caboclo Ubiratan.
Cuidar da saúde com mais regula­ri­da­de. Atenção principalmente com doen­ças do sangue e problemas de pele.
Oferenda: tomar um banho com as seguintes ervas: gitirana, melão-de-são-caetano e junça. Cozinhar tudo e banhar-se três dias seguidos. No último dia apanhar o bagaço das ervas e despachar na mata, junto com uma garrafa de mel.

06 – Seis conchas abertas:
Fala o Caboclo Araribóia.
Prestar atenção, po­is o consulente pode estar sendo enfeiti­ça­do. Incons­tância em em­pregos e atividades remu­neradas, negó­cios e relacionamen­tos. O consulente fez mui­tos inimigos. Vin­gan­ça em andamento.
Oferenda: nes­te caso recomen­da-se a intervenção dos senhores Mes­tres e Mes­tras da Jurema, que aconse­lharão a melhor medicina espiritual.

07 – Sete conchas abertas:
Fala a Cabocla Jurema.
O consulente está sendo vítima de falsidades e deve manter-se em silêncio. Se souber algum segredo, deve calar-se totalmente. Uma surpresa, não agra­dável, pode ser esperada.
Oferenda: acender três velas bran­cas dentro de um prato branco, ao lado de um copo com água. Em outro prato, colocar flores brancas com mel e oferecer a essa cabocla na mata ou em casa.

08 – Oito conchas abertas:
Fala o Índio Jaceguai.
O consulente está sendo vítima de feitiço. Ter cuidado, pois pode cair em perigo.
Oferenda: Três ovos, mel de abelha, uma vela branca, flores brancas e uma garrafa de vinho tinto. Na mata, passar os ovos no corpo e deixar de­bai­xo de uma grande árvore. Num prato branco, deixar os ou­tros elementos, junto com a garrafa de vinho aberta.

09 – Nove conchas abertas:
Fala a Cabocla Uitacira.
Problemas senti­mentais não resolvi­dos e desejo de um relacionamento feliz e harmonioso.
Oferenda: oferecer flores brancas e uma garrafa de mel de abelha a essa cabocla. Fazer isto numa mata e rezar para obter felicidade.

10 – Dez conchas abertas:
Fala a Cabocla Tupiara.
Aviso de “flechada de índio” e es­pírito perturbando o consulente. A “fle­chada” é o mais terrível feitiço conhecido pelos pajés. Esta forma de magia é pouco conhecida nas grandes cidades, porém faz grandes estragos espirituais e materiais.
Oferenda: recomenda-se o trata­mento urgente com Mestres e Mestras da Jurema numa sessão especial.

11 – Onze conchas abertas:
Fala o Caboclo Uitatiara.
Se esta caída aparecer três vezes, é aviso que o problema não deve ser resolvido com o oráculo. Consultar os se­nho­res Mestres da Jurema numa sessão para uma limpeza espiritual.

12 – Doze conchas abertas:
Fala o Caboclo Grande Pajé.
Muitos problemas circundam a vida do consulente. Tomar cuidado com situações envolvendo a justiça, imóveis e comércio em geral.
Oferenda: tomar banho de limpeza com guiné, espada-de-são-jorge, arruda e alecrim.

Caindo 12 conchas fechadas:
O jogo deve ser suspenso e somente ser refeito três dias depois. Neste período, o consulente deve tomar um banho de limpeza com ervas.

Para uma pessoa trabalhar com o oráculo das Conchas de Caboclo, ele deve ser iniciada por um mestre do jogo, também chamado de “olhador”.

A iniciação possui vários ritos especiais, como a preparação de cada concha e as oferendas para os Caboclos e Caboclas que falam no oráculo.

O futuro iniciado também deve encontrar seu “Caboclo de Jogo”, que atua como uma espécie de mensageiro, abrindo as portas astrais do sistema.

Tudo isto é passado oralmente de mestre a discípulo, como fazem ainda nossos Pajés.





Os Caboclos na Lição de Pai João



         
       
PAI JOÃO: - Pois é, meu filho, mas como você veio em busca de conhecimento, Pai João gosta muito disso e aproveita para falar a respeito dessas e de outras coisas importantes. É preciso formar uma idéia mais ampla sobre a diversidade de espíritos que trabalham em nosso planeta.

Examine, por exemplo, o caso dos caboclos. As entidades espirituais que se manifestam tanto em seus médiuns quanto no plano astral com a vestimenta de caboclo não foram obrigatoriamente índios ou selvagens em sua última encarnação. Muito pelo contrário.

Grande número dos espíritos que adotam a característica de caboclo tiveram seu caráter firme forjado em templos do passado, principalmente entre as civilizações incas e astecas, entre outras. Tal como ocorre com os pais-velhos, possuem íntima ligação com certas energias da natureza, tanto quanto com a cultura da qual procedem. Em virtude desse fato, preferem estampar a imagem de um índio, de um sertanejo ou de um bandeirante em sua vestimenta espiritual, em sua aparência. Daí se pode entender porque alguns caboclos são recrutados para trabalhar ao lado de grandes luminares da espiritualidade, que foram sábios em sua última existência. Além de tudo isso, a forma astral do caboclo também traz um simbolismo. Representa a jovialidade, energia, destemor e valentia, bem como capacidade de transformação e progresso. É a representação do jovem guerreiro, daquele que tem a característica de mudar o panorama, de enfrentar os desafios da existência e modificar as situações menos favoráveis em outras mais nobres.

- Então os caboclos também foram iniciados em outras civilizações, como os pais-velhos?

         PAI JOÃO: - Não se pode generalizar, meu filho. Especialmente se considerarmos que, na umbanda e em certos cultos de transição, observa-se uma variedade de seres Espirituais a que muitos dão o nome de caboclos.
Antes de continuar com as explicações, é preciso dizer que este pai-velho está lhe dando apenas um ponto de vista a respeito da variedade de manifestações. O que estou lhe falando não é consenso nem mesmo entre os representantes da umbanda. No entanto, é sob esse ponto de vista que nego-velho quer conduzir seu olhar.

           Assim sendo, dentro da variedade a que me referi, temos os chamados caboclos índios. Eles integram imensa legião de trabalhadores, guardiões, baluartes da lei e da ordem, combatentes que são das falanges do mal. Como verdadeiros caças, saem pelo umbral afora em tarefas de defesa e disciplina, temidos que são por muitos espíritos das trevas.

Na umbanda e em outras expressões de espiritualidade, são comuns outros tipos, tais como os boiadeiros. Especialistas em desobsessões, coletivas e individuais, investem contra as bases das sombras e destroem as fortalezas do astral inferior. Dotados de grande magnetismo, são respeitados e temidos pelas entidades do mal, sobretudo pelos marginais ou quiumbas, tão comuns em ambientes que oferecem grande perigo aos encarnados.

Após breve intervalo, para que o interlocutor pudesse assimilar o que dizia, Pai João prosseguiu:

- Como já lhe disse, nego-velho está dando uma explicação baseada não na teologia umbandista, mas na realidade cultural mais próxima da que você está habituado, meu filho. Certamente encontrará outros pontos de vista sobre esse assunto entre os representantes da umbanda e do candomblé. Porém nego-velho, neste momento, não tem por objetivo religião e doutrina, mas a descrição da realidade espiritual que transcende as interpretações religiosas.

- Entendo, meu pai. Se julgar apropriado conceder mais informações, estou aberto a ouvir e estudar.

- Pois bem, meu filho, - retomou Pai João calmamente. – Ainda sobre a forma espiritual adotada por alguns espíritos, alguns caboclos adotam não a forma de índios, mas do marinheiro. De alguém que viveu junto às águas, ao mar, portanto trabalhando com emoções, inclusive por ter vivenciado os tremendos desafios que envolvem a navegação: desde tormentas e fenômenos climáticos até a solidão dos meses e anos singrando pelos mares, longe da família e dos seus. Na umbanda, bem como em alguns candomblés que recebem sua influência, chama-se freqüentemente de marinheiro aquele espírito que lidera falanges acostumadas a lidar com o sentimento e as emoções e que atuam no contato com o elemento água – que remete à suavidade e ao amor e auxilia na libertação de vinculações magnéticas. Quando se pretende fazer uma limpeza energética com suavidade, o elemento água é o mais indicado, liberando fortes emoções que anuviam a visão espiritual dos filhos. É lógico concluir que quem teve experiência reencarnatórias junto ao elemento água pode ser bastante eficaz nessa tarefa.

Era muita informação para aquele homem reservado, que não queria se expor perante os presentes. Era ele um representante do espiritismo e, por essa razão, não desejava, ao menos até aquele momento, ser identificado numa tenda onde a manifestação mediúnica ocorria segundo parâmetros diferentes daqueles com os quais se familiarizava.

Entendo isso o preto-velho vez ou outra dava um tempo para ele refletir e depois de um suspiro, uma pausa, continuava.

- Os chamados quimbandeiros constituem outra espécie de caboclo. Sua especialidade é enfrentar os magos negros e seus dirigidos nos campos de batalha do umbral e da subcrosta. Gostam de estar à frente das demandas que ocorrem na esfera astral, muitas vezes nem sequer percebidas pelos médiuns. Como se fossem generais guerreiros, trabalham para a defesa, porém com ênfase em limitar e cercear a ação das trevas, o que muitas vezes, os leva a afirmar que transitam entre o bem e o mal. Além, é claro, do fato de que conhecem em profundidade as artimanhas dos seres da escuridão.

Não há dúvida, meu filho, de que nego-velho está procurando usar a linguagem mais espírita possível para que possa entender os diversos perfis e especialidades daqueles seres que trabalham na vibração da umbanda, em suas variadas manifestações e interpretações. Por estarem ligadas à vibração e à atmosfera cultural (e não a rótulos religiosos), essas mesmas entidades também militam nos centros espíritas, caso encontrem abertura dos médiuns e dirigentes. Ainda que, em certas ocasiões, optemos por nos apresentar em outra roupagem fluídica, conforme seja conveniente ao trabalho e tenhamos condições para tal.



Carta do Chefe de Seattle



Em 1854, o Presidente dos Estados Unidos, fez uma grande oferta aos índios por suas Terras. A resposta do chefe da tribo eu posto na íntegra. Essa carta mais tarde viraria um hino à paz e a preservação da natureza. Mais do que isso, mostraria a todos e lembraria sempre, o quanto nós ainda “engatinhamos” quando o assunto é Coração…
“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A idéia é estranha para nós. Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los? Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo. A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da Terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos. Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra. Mas não vai ser fácil. Pois esta terra é sagrada para nós.
A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais. Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.
Os rios nossos irmãos saciam nossa sede. Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e conseqüentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com seus irmãos.
Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras. Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa. A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente. Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa. Ele seqüestra a Terra de seus filhos, e não se importa.
O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos. Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes. Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto. Não sei. Nossas maneiras são diferentes das suas. A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho. Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.
Não existe lugar tranqüilo nas cidades do homem branco. Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo. A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.
E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa. Sou um homem vermelho e não entendo.
O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.
Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não entendo de outra forma. Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.
Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.  Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem. Todas as coisas estão ligadas.
Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós. Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes. Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra. Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.
Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.  Isto nós sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas.
Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela. O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.
Podemos ser irmãos, afinal de contas. Veremos. De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo. Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.  A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador. Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.
Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho.  Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.
Onde está o bosque?
Acabou.
Onde está a águia?
Acabou.

O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.”



Linha dos Caboclos Quimbandeiros
Chefe - Exu Pantera Negra, conhecido por este nome devido à sua enorme coragem e força para vencer demandas e realizar os mais terríveis trabalhos de magia, além de ter o poder de curar até doenças tidas como incuráveis, também possui o poder de enriquecer quem a ele recorrer, esta linha possui este denominativo não é atoa, pois os espíritos que compõe esta linha se apresentam como se fossem caboclos, índios americanos enfim, tendo especialidade em trabalhos de cura e desobsidiação, além de favorecerem as riquezas materias e tesouros, são exímios guerreiros, a maioria delas pertencem a antiga tribo Sherokee dos E.U.A. Assim como ocorre em todas as linhas, é esta composta por sete falanges, cada uma com seu respectivo chefe, que por sua vez comanda outras sete legiões, onde se divide novamente em sete falanges, novamente, cada falange com sete chefes e assim sucessivamente até certo limite. São os elementos desta linha:
Exu 7 Cachoeiras
Exu Tronqueira
Exu 7 Poeiras
Exu da Matas
Exu 7 Pedras
Exu do Cheiro
Exu Pedra Negra
Polo Passivo
Pomba Gira - Pomba Gira da Figueira



Caboclo Pantera negra



No rico universo místico da Umbanda, existem entidades pouco conhecidas e estudadas.  Com o tempo, é natural que algumas delas sejam esquecidas por nós. Uma delas é Pantera Negra, celebrado por uns como caboclo e por outros como exu.
Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando
muito terreiro era de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e
cuspia no chão.
Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem
apertado o consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria
mesmo é trabalhar.
O tempo foi passando e raramente o encontramos nos centros, tendas e outros agrupamentos de nossa Umbanda. Aonde terá Seu Pantera ido?
O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado
nos mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de Caboclos que atuam na Esquerda.
Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos
brasileiras muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do
Caribe, Venezuela, México e mesmo dos Estados Unidos.
Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, as vezes gostam de marcar
seus “cavalos”, ordenando que coloquem na orelha uma pequena argola e no
braço uma espécie de pulseira de ferro.
Ainda costumam receber suas oferendas em encruzilhadas na mata, na
vizinhança de uma grande árvore. Podem ser assentados em potes de barro com ervas especiais, terra de aldeia indígena e outros elementos secretos, que são consagradas por sacerdotes iniciadas nos mistérios destes espíritos.
Pai Lúcio ainda dizia, que a maioria dos médiuns destes caboclos são homens.
Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são : Caboclo Pantera Vermelha, Caboclo Jibóia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e Caboclo do Monte.
Alguns irmãos umbandistas conhecem estes trabalhadores astrais, com o nome de Caboclos Quimbandeiros.
Pantera Negra aparece como caboclo e exu, mesmo fora da Umbanda. Na região Sul do Brasil, principalmente, o encontramos dentro de um grupo muito especial, chamado de Caboclos Africanos.
Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de
Arranca-Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano,
entre outros.  A maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos
Caboclos Quimbandeiros, sendo confundidos com frequência.
Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o mesmo Pantera.
Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidos e no Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo, Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.
Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez  dezesseis
anos, sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou.
Aconselhado por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da
iniciação para seu Orixá, como de costume no Caribe, foi celebrado um ritual em honra aos ancestrais (eguns).  Na celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo…  Batia muito no seu magro peito e
vociferava como se estivesse em uma guerra.  Quando foi pedido o seu nome,disse o indígena: sou Pantera Negra!
Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera,
como o querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.
No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra pantera e não mais como índio.
A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé,
onde era celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre
desta linhagem, contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai
pantera e mãe humana.
Agassou é muito temido, pois é profundamente justo e não perdoa os fracos de caráter.  Poucos médiuns conseguem suportar a incorporação dele ou de outros espíritos da família das panteras. É necessária muita preparação, firmeza de pensamento e moralidade. Do contrário, e isto realmente acontece, o médium começa a sangrar muito durante a incorporação. É terrível.
Em outras ilhas do Caribe, também encontramos seguidores de Pantera Negra..
Alguns o invocam como espírito indígena e outros como uma força africana,
meio homem, meio felino.
No Brasil, ouvi as mesmas recomendações de pessoas que cultuam ou trabalham com Pantera Negra.  Pai Lúcio me disse, que os aparelhos de Seu Pantera não costumavam beber, falar demais ou serem covardes. Eram disciplinados,verdadeiros guerreiros modernos.
Em certos rituais de Pajelança Cabocla, podemos ouvir o bater incessante do
maracá e o chamado do pajé, que canta:

*YAWARA Ê!*
*YAWARA Ê!*
*HEY YAWARA,*
*YAWARA PIXUNA,*
*PIXUNA Ê, YAWARA,*
*YAWARA, YAWARA!*
Yawara Pixuna, quer dizer Pantera Negra. Alguns traduzem como Onça Negra. O canto acima, pode ser utilizado para afastar espíritos maléficos, que fogem ao ouvir este nome mágico.
Caboclo ou Exu, Pantera ou Onça, brasileiro ou estrangeiro, ele é mais um
mistério que Zambi animou.  O tempo passa, mas Pantera Negra ainda persiste.
SALVE PANTERA NEGRA!
*Edmundo é Teólogo especialista em religiões Afro-Caribenhas,*
*o que é fruto de uma vida dedicada ao estudo superior e livre das religiões.*



PROVÉRBIOS INDÍGENAS
1. Levante com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência. O Grande Espírito o escutará você, ao menos, falar.

2. Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e avareza, originam-se de uma alma perdida. Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito.

3. Procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você.

4. Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

5. Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura. Se não foi ganhado nem foi dado, não é seu.

6. Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais.

7. Respeite os pensamentos, desejos e palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.

8. Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no universo, voltará multiplicada a você.

9. Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados.

10. Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo.

11. A natureza não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família Terrena.

12. As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e ágüe com sabedoria e lições da vida. Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que cresçam.

13. Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros, retornará a você.

14. Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do universo.

15. Mantenha-se equilibrado. Seu Mental, seu Espiritual, seu Emocional, e seu Físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis.Trabalhe o seu Físico para fortalecer o seu Mental. Enriqueça o seu Espiritual para curar o seu Emocional.

16. Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações.

17. Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.

18. Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.

19. Respeite outras crenças religiosas. Não force suas crenças sobre os outros.

20. Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade



História do Caboclo Ventania



Conto essa história narrada pelo próprio espírito de caboclo Ventania; Nome hoje usado por ele em alguns de seus médiuns.Viveu em sua última encarnação como índio sherokee ou (cherokee) em uma vila as margens de um rio que em cherokee se dava o nome de Tanasi que pela expressão fonética certo inglês assim o traduziu por Tenessee em uma extensão de terra que iria até o rio ocanuofee.

Suas mulheres Índias cuidavam da lavoura,plantação de milho e aboboras,eram bordadeiras por excelência, e tinham o respeito de seus homens que as cultuavam como deusas. Os índios por sua vez cuidavam da caça de ursos, da pesca, da espiritualidade e da cura. Muito inteligentes tinham por habilidade natural entender e ou aprender rapidamente diversas, línguas de outras tribos, ou mesmo quando da invasão dos europeus as terras americanas ( ingleses, franceses e holandeses). Ventania era caçador e Shaman de sua tribo, pois aos homens fortes em enfrentar ursos e bisontes ou bisões (uma espécie de Búfalos ) acreditavam eles que os deuses davam a estes caçadores força espiritual para praticar tal bravura.

Os Xamãs cherokeses ou yroqueses cuidavam de doenças passavam a receita vinda de seus ancestrais a suas mulheres para manipulá-las, pois acreditavam que as mulheres assim como o dom de dar a luz ao manipular uma receita dariam também a energia de cura a quem estava enfermo. Conversavam com os espíritos e os consultavam para tudo o que faziam,portanto em uma vida primitiva já tinham a essência espiritual em suas veias.Ventania nos conta que eles já faziam em formas de desenhos suas poesias,amavam a natureza como todo índio em qualquer nação, esta encarnação se deu a 700 anos atrás.

Seu desencarne se deu quando na disputa por seu amor, a tribo tinha por hábito quando uma índia era pretendida por dois ou mais índios, eles disputavam em luta. E o perdedor, ou entendia e se convencia da derrota ou pedia para ser morto pelo vencedor, e foi o que aconteceu. A índia em questão iria ser disputada por ele e outro índio que tinha o nome de chuva vermelha por ser muito rápido com flechas onde em suas pontas eram colocadas em chamas, daí o nome de chuva vermelha.

Ao perder a luta Chuva vermelha disse que não 0 mataria; pois o respeitava pelas inúmeras curas, e pelas inúmeras caças que Ventania já havia feito para a aldeia. Porém, Ventania inconformado com a derrota, pediu que o matasse, pois o mundo seria ruim para ele sem a moça. E foi o que aconteceu.com uma machadada na cabeça ele desencarnou.

Devido a ter pedido sua morte o mesmo se encontrou por longos anos no Umbral, onde somente quando se encontrou com Balthazar ( nome celestial do espírito de São Jorge na terra ) é que este como mensageiro do espaço o levou para esferas de evolução onde hoje ele trabalha como espírito de luz.



O nome Ventania foi escolhido por ser mais parecido como Raio de vento que ele teve em sua encarnação. Raio de vento devido a sua velocidade com que caçava búfalos e veados. Este é o Caboclo Ventania que conhecemos e admiramos e a seguir alguns de seus hábitos.

Oferendas para Ventania:

Vinho tinto suave suco de milho.
Comida: Tudo a base de milho, abóboras, camarão Rosa, peixes
Pedras: cascalhos, basaltos, quartzo verde. Flores: Girassol, Rosas amarelas
Dia de comemoração a Ventania: 21/02
Seu amuleto: sempre a base de pedras ou algo de couro.

Sua imagem: Usa ele um cocar que vai até os pés, com calça de couro de urso, tem em média 1,80 cm de altura, cabelos lisos bem compridos castanhos escuros, pele vermelha cristalina, olhar acolhedor. Assim ele se apresenta as muitas pessoas que o vê no astral, onde a narrativa é sempre a mesma

Em terra o Caboclo Ventania trabalha com desobsessão, cura e aconselhamento.








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